por Robin Geld
Era 7 de setembro, e a festa a que fomos convidadas era da Nossa Senhora da Saúde, uma das grandes da região. Zé Américo nos levou, e Marlene e seus dois filhos nos acompanharam.
Na ida paramos perto da Sede em Mandassaia, e em conversa com moradares, ficamos sabendo porque achavam a cisterna em tal local necessária. “Além da água doce, assim não falta água para as crianças na escola, sempre.
A bomba do poço às vezes queima, ou falta eletrecidade. Não é fácil toda a criançada sem água, às vezes por dias”.
As mulheres com o jeito forte e simpático de muitos neste semiárido, falavam da vontade de poder fazer artesanato, havia promessas de aulas, será que viriam? Quando estávamos para ir, queriam que ficássemos mais um pouco, “É tão bom conversar com gente de fora, poder falar do que a gente pensa e ouvir o que elas pensam, trocar idéias”…
Paramos ainda numa casinha ao longo da estrada em que havia parabólica, mas nenhuma cisterna. Não ganhou ainda, mas não perdeu esperança.
Ao longe, em algum lugar, chovia. Vimos um arcoíris.
Vinham de todos os cantos, a pé, a cavalo, de ônibus, para a festa em Jacaré Grande, povoado de 4 ou 5 casas, e a igrejinha da Nossa Senhora da Saúde. Vinham para se reunir, festejar, agradecer por graças concedidas, fazer pedidos. Estátuas de todo tamanho da Santa ã venda em barraquinhos, beju na pedra… Final da seca, as chuvas por vir. Perto do povoado passava o rio Gorutuba, no momento bastante baixo, parecia mais córrego do que rio.
Na volta, passamos por algumas poças de água na estrada. Perdemos a chuva, mas havia chovido! Tiramos fotos para comprovar o que ninguém acreditaria ter acontecido.
Milagre? Santiago escreveu para a Sertãobras meses depois, informando que choveu todo o mês de outubro, havia muito muito tempo desde que isto não acontecia na região.