Da Revista Veja – Veja Recomenda, 28/11/2012


Jogados na clandestinidade a partir de 2000 em razão de uma aplicação obtusa da lei, os queijos artesanais mineiros elaborados a partir de leite cru, como o canastra e o serro, incluem-se no entanto entre os itens mais relevantes do patrimônio gastronômico e cultural do país e são fruto de uma tradição que há mais de dois séculos vem sendo passada de geração em geração. Infundindo graça e leveza à sua natural indignação com tal estado de coisas, o diretor Helvécio Ratton deslinda em várias frentes essa paixão mútua entre Minas Gerais (onde o produto pode circular, desde que siga certas normas de higiene) e seus queijos: conversa com os fabricantes – e só a música do falar mineiro já seria deleite suficiente -, entra nas fazendinhas, acompanha as ordenhas e a linda transformação do leite em “queijim”. Deixa também anotado que o produto, surrealmente, é contrabandeado à larga para outros estados. E, claro, saboreia o mais amado quitute feito a partir dele: o pão de queijo. O que Dona Romilda tira do forno, no fim do filme, é de chorar de lindo.