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Queijos Senzala

O queijo Senzala, da Fazenda Caxambu, ganhou medalhas de ouro e super ouro no Salão Internacional do Queijo de Tours, na França, em junho de 2017. Mas a história começa muito antes. Em 1954, o casal Urias Abelardo Leite e Bárbara Cândida de Mendonça, avós da produtora Marly Leite, vencedora do concurso francês, se mudaram da Serra da Canastra para a Fazenda Caxambu em Sacramento, região queijeira de Araxá. Eles levaram a receita do queijo e o principal: o pingo.

“A minha avó começou a fazer os queijos com o pingo da Serra da Canastra e depois ensinou a meu pai,  que me ensinou e eu já ensinei a meus filhos. Joel, meu marido, também aprendeu com o pai, como somos primos a receita está em família e é uma tradição que já existe a muito tempo…” Marly Leite, da fazenda Caxambu

Marly e Joel investiram na qualidade e na tradição do queijo e logo os resultados começaram a aparecer. Antes, da vitória na França, o casal já levou primeiro, segundo e terceiro lugar nos concursos regionais de Araxá, em anos diferentes, e ganhou medalha de bronze com o queijo Fornalha (defumado) no concurso Prêmio Queijos do Brasil que aconteceu em São Paulo em 2016.

“As premiações que nosso queijo recebeu foram fruto de um trabalho coletivo, essa vitória não é só minha, é de toda essa equipe, teve o apoio da Emater, do Ima, da Aprocan, da SerTãoBras e da Galeria do Queijo…” Marly Leite.

Queijo Senzala com medalhas ouro e super ouro do concurso mundial de queijos na França.

Confira abaixo a entrevista que Marly concedeu à nossa redação.

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STB: Como é seu gado e sua alimentação?

Marly: Eu costumo dizer que o nosso gado é o famoso “tatu com cobra”, o mais rústico, tem todas as cruzas. Eu procuro um gado com pouca produtividade para poder aguentar mais e o leite ser mais gostoso, eu gosto muito do Caracu, do Guzerá, do Gir, não nas raça puras. Temos no momento um rebanho de 80 cabeças e 37 vacas em lactação. A alimentação do gado é pasto nativo natura, pois a vegetação é predominantemente composta de capim gordura, nativo, mas as vacas adoram também o capim mombaça. Na época de seca, damos ração de milho, soja e farelo de algodão e sal mineral balanceado para que eles possam comer a bucha da braquiária que solta no inverno.

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STB: Como são as paisagens da fazenda Caxambu? 

Marly: A superfície é pedregosa e arenosa e temos abundância de água, são 18 nascentes, todas protegidas por matas ciliares. os exames de nossa água são excelentes e a água é potável sem precisar clorar.

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STB: Como você começou a fazer queijo?

Marly: Quando eu casei, em 1992, comprávamos queijo das fazendas vizinhas e levávamos para São Paulo e Ribeirão Preto. Fizemos isso durante 4 anos. Em 1996 fomos multados pela falta de nota fiscal pela Polícia Rodoviária, mas felizmente não perdemos a carga de queijos. Estava difícil trabalhar com transporte clandestino e então resolvemos começar a fazer nosso queijo. Nessa época nós vendíamos em média de 800 kg de queijo por semana, 500 feitos por nós e 300 coletados dos vizinhos. Até que em1998 tivemos a carga apreendida, jogaram fora nossos queijos, é um grande trauma você perder a sua produção de queijo de uma hora para outra. Foi muito difícil, tanto que paramos trabalhar com queijo por dois anos. Voltamos em 2001 com a decisão de cadastrar no IMA. Encontramos muita dificuldade, eu nem me lembro direitos todas coisas burocráticas que tivemos que cumprir. Somente em 2006 conseguimos o registro, mas um registro bem restritivo, que autoriza a comercialização somente em Minas e somente do queijo Araxá tradicional. Agora continuamos na luta para conseguir outro registro, do mesmo queijo, só que com outro tipo de maturação, pois nossos métodos atuais de cura ainda não estão regulamentados. E ainda estamos aguardando o SISBI (entenda mais na reportagem “Premiado na França, queijo mineiro tem vida clandestina no resto do país).

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STB: Quais as normas do IMA mais difíceis de seguir, na sua opinião?

Marly: Eu não entendo o motivo de precisar clorar a água da minha propriedade, que é puríssima. Nos nossos últimos exames, a água apresentou excelentes resultados, é potável. No entanto, mesmo com esse exame, o cloro é obrigatório. Depois da minha viagem à França, vi que existem outras formas de tratar a água (quando não é potável) sem deixar resíduos químicos, inclusive muitos queijos franceses proíbem o cloro na água e na limpeza das queijarias porque ele elimina as boas bactérias que precisamos para a boa fermentação do leite. Na proposta de alteração da Lei 20 549 apresentada pela Secretária de Agricultura no mês de agosto, o cloro continua como obrigatório. Isso não tem sentido.

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STB: Como você teve idéia de começar a curar queijo de outras formas?

Délphine, Marly e Débora Pereira.

Marly: Foi no curso de cura de queijos da Delphine Géhant e Débora Pereira que fiz em São Roque de Minas em fevereiro desse ano, essa formação me ajudou a ter uma nova visão. Eu sabia fabricar o queijo,mas nós nunca fomos preparados para maturar o queijo com regularidade. Em épocas do ano ele ficavam bom demais, cremoso e macio, um sucesso de vendas, mas nós não sabíamos o que fazer para manter aquele queijo sempre bom, outras épocas ele ficava duro e ressecado, daí os clientes reclamavam. Nesse curso aprendemos a controlar o ambiente de cura para o queijo ficar mais ou menos igual, como está acontecendo agora. Outra coisa é que trabalhamos a vida inteira para tirar o mofo que nasce naturalmente no queijo e, depois do curso, tivemos a ousadia de deixar para ver o que acontecia. Isso agradou o Falco, nosso cliente principal em São Paulo. Eu nem tenho palavras para poder agradecer esse santo curso que aconteceu nas nossas vidas, acho muito válido e muito importante. Quanto mais produtores fizerem este curso, para aprenderem a cuidar do seu queijo, vai refletir na melhora do queijo artesanal nacional como um todo.

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STB: Quais são seus projetos para o futuro?

Eu tenho dois grandes projetos para o futuro, aliás três. O primeiro é fazer uma cave, como os franceses chamam as salas subterrâneas de cura. Já começamos a obra, o local foi furado dentro do barranco, com dois metros de profundidade, em formato de “L” e as paredes serão revestidas de pedra. O segundo é abrir uma loja especializada para vender nossos queijos em Sacramento, minha cidade, para receber um público diferenciado que vem atraído pelo nosso queijo. O terceiro, um pouco mais difícil, é ajudar o produtor que está lá naquele fim de mundo a conseguir obter sucesso, acreditar no sucesso, aumentar sua auto-estima, atingir seus objetivos, como nós estamos conseguindo agora. Eu conheço muita gente que fabrica o queijo, mas não tem a consciência de como fazer corretamente, quero passar a nossa experiência para essas pessoas, quero que eles saibam a importância de fazer um curso de maturação para fabricar um queijo de boa qualidade. Eu acredito que cada pequeno produtor pode ter excelência na qualidade de seu queijo. Na minha opinião isso vai fazer com que esses produtores saiam da clandestinidade e possam assumir seu queijo com sua identificação e ter orgulho.

Marly Leite Super Ouro

Nossa Cave

A primeira cave subterrânea do Brasil feita com pedra porosa Caxambú e Tapiocanga! Com 6 metros de profundidade abaixo do solo, 5 metros de altura, 8 de comprimento e 7 de largura! Construída com a assessoria francesa Glauger , arquitetura de Helder Falcão, acompanhamento da SerTãoBras, construtores da terceira, quarta e quinta geração da Família Leite, Clementino e Marta Joel e Marly, Reykmam, Ravana e Helloá!

Clementino Leite

Início da construção dia 16 de novembro de 2017 e finalização dia 8 de agosto de 2020, com recursos próprios dos produtores! Hoje ela abriga a fabricação e cura especial dos Queijos Senzala Superouro e esperando o apoio das autoridades para a legitimidade e legalidade dela e dos seus produtos!

Contato:

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(034) 99951-4402

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