Leonardo Mello, 41 anos, produtor de queijo em Dom Macedo Costa, foi o primeiro agricultor familiar do município a receber o Selo de Inspeção Municipal (SIM) na sua cidade. Ele virou notícia na cidade por essa ao criar o queijo coalho com charque. Além dessa raridade, ele faz queijo de casca brancas floridas, queijos com ervas e tipo minas frescal
“Tudo começou quando meu pai, Edivaldo Cerqueira, comprou uma fazenda há 45 anos. Desde criança comecei a ter meus primeiros contatos com a ordenha. Depois ele não viu futuro no leite e partiu pro gado de corte. Fiquei com sentimento triste quando paramos de tirar leite, tenho excelentes memórias dessa época” disse Leonardo.
“O queijo mais vendido sempre será o coalho, mas queremos motivar os consumidores baianos a provarem novos queijos, conhecerem maturações diferentes, provarem novos sabores” disse ele.
Seu projeto, já em funcionamento, é manter um local turístico para receber pessoas. “Tomar um café, comer um queijo em um ambiente rústico e gostoso… A fazenda é bonita, à beira do rio Jaguaripe. O rio sempre nos alimentou, com o que tinha a oferecer, acredito muito na força do queijo nessa região” conta ele.
No queijo artesanal baiano, o que não vai faltar é inovação.
Percurso: a lembrança de fazer queijo que não foi esquecida
Em 2011, Leonardo morava em Salvador e decidiu voltar para o interior. “Fiz um curso de queijo e comecei a fabricar. Empolguei, montei um laticionizinho na cidade, 1000 l dia aproximadamente. Não obtive êxito, não tinha valor agregado em queijos como mozzarella e coalho. Isso consumiu meu capital de giro e para completar em 2013 teve uma seca muito grande, o leite diminui, desanimei, fechei, voltei triste pra Salvador. Mas não quis vender os equipamentos, por vontade de voltar a mexer com queijo um dia. Continuei como produtor de carne, me levantei financeiramente, tenho industria de charque aqui na fazenda, vivo disso. Na carne ganho dinheiro e no queijo sou feliz! Em breve quero que o queijo supere a carne em questão de viabilidade. Ganhar dinheiro e ser feliz!“
Há dois anos Leonardo ouviu falar de queijos artesanais: “peguei minha mãe, a esposa, as filhas, fui conhecer a turma da Canastra, do Serro, tive excelentes diálogos com o professor Cleube Boari de Diamantina, especialista em queijos. Isso foi despertando em mim, reacendendo aquela chama, queijo é muita muito emoção e quando eu boto uma paixão na cabeça ninguém tira mais›› confessa ele.
A volta foi para uma produção menor foi mais simples. Ele buscou o serviço de inspeção municipal em 2019 e semana passada, um ano depois, conseguiu receber a certificação. “Transformo o leite da fazenda, 80 l, de dez vacas, mais 90 l do vizinho. Estou quebrando a cabeça na maturação, mas vou esperar, ter paciência, vou chegar no melhor coalho curado da região, respeitar o tempo do queijo e aumentar a produção. Conheci a associação SerTãoBras e comprei o Guia de Cura de Queijos, ajuda muito“.
A queijaria tem 49 m² e capacidade para transformar 500 l de leite por dia. Antes, Leonardo comercializava o leite in natura, a R$1 o litro. O queijo permite valorizar o leite no mínimo 4 vezes , se vendido fresco, e até 7 vezes mais se vendido curado e com valor agregado.
Livro “Os Queijos de Leite cru”, de Arnaud Sperat Czar, para download!
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