Fui apresentado ao queijo em 1964 , mesmo nascendo em 1972, quando meu pai, Guy Tôrres ( In Memória), comprou a Fazenda Água Quente, no Município de Sacramento, MG, do Sr. Abelardo Leite (Vô da Marly do Senzala)”, é assim que o produtor Edmar Tôrres descreve seus primeiros passos junto ao queijo.
“Fui apresentado ao queijo desde que nasci. Sou natural de BH, pois minha mãe tem brucelose e como morávamos na Escola Agrotécnica Federal de Bambuí, nós 3 – 2 Moças , 1 de 59 e a outra de 56 anos, e eu – nascemos em BH , pois os recursos da capital eram infinitamente maiores do que no interior .
Mas, nasci e me criei na Faz. Escola Agrotécnica Federal de Bambuí , aonde eu tinha contato com o queijo. Quando meu pai e nós íamos em expedição para o Chapadão – como meu pai chamava a Faz. Água Quente. E realmente era uma expedição, pois tínhamos que atravessar a Canastra inteira para chegarmos no Chapadão, o que fazíamos em uma “Rural Willys” laranja e branca , chamada por meu pai de Fogosa – e se hoje em dia é difícil atravessar a Canastra em modernos 4×4, pense em 1980.
Depois dessas epopeias , que eram as viagens para o Chapadão da Zagaia , quando Bambuí entrou na Microrregião da Serra da Canastra pelo estudo e chancela do IPHAN, eu já como médio para pequeno produtor rural que sofria (pois o médio acabou) como “suvaco de Aleijado”, vi a oportunidade de fazer queijo em Bambuí e chamá-lo de Queijo Canastra . Aí começou minha própria epopeia para fazer um queijo de excelência, em Bambuí, a 650 m de altitude, e poder chamá-lo de queijo Canastra . E foi um tempo de muita luta, muitos desafios, muito investimento financeiro, para quem já estava totalmente espremido pelo sistema, e já tinha descido o degrau de médio para pequeno produtor rural.
Não foi uma tarefa fácil, mas com o apoio da Aprocan , principalmente da Sra. Valéria que me ajudou muito mesmo , eu consegui fazer o Queijo Da Santa , que hoje é do meu sobrinho Filipe Samir Tôrres Campos.
A fazenda de Edmar fica no Chapadão da Zagaia, posição Norte da Serra da Canastra, a 1.100 m de altitude, no município de Sacramento – MG. A fazenda faz divisa com o Parque Nacional da Serra da Canastra, e está localizada na Bacia do Rio Araguari, carinhosamente chamado, perto de sua nascente, de Rio das Velhas. O Rio Araguari faz parte da bacia do Ria Paranaíba, que por sua vez, faz parte do Rio Paraná, e sendo este pertencente ao Rio da Prata.
O gado conta raças “de tudo quanto é jeito possível”, nos conta Edmar, que são tratadas nas águas a pasto e na seca silagem de milho. Gado esse que produz 400 L de leite por dia, usados na produção dos tradicionais queijos Canastra, o carro chefe da queijaria.
E hoje ele conta com o apoio de dois parceiros na produção do queijo o casal que, “literalmente, põe a mão na massa”: o Jean Carlos e a Ana Cristina, que são os responsáveis pela ordenha e produção do queijo, respectivamente. Já Edmar fica com a tarefa de curar o queijo.
“Não gosto de elogiar o que mesmo faço , mas dizem que a propaganda é a Alma do Negócio , o “Queijo Da Santa” ficou com o Bronze no Mundial da França em 2019, quando a luta para colocá-lo de pé ainda era enormemente grande e eu ainda era o responsável por ele, de tratador das vacas a queijeiro eu fazia de tudo um pouco . E agora já com mais experiência estou novamente “e ou literalmente no Ringue da Vida”na luta” , ao lado dos meus parceiros , com o Queijo Chapadão da Zagaia , que já nasceu com uma Prata no Último Mundial do Queijo do Brasil em 2024.