Vitor Gomide é médico veterinário, casado e pai de Lis e Suri, suas “maiores fonte de inspiração e incentivo.” Sua história no mundo dos queijos começou quando ele ainda tinha 4 anos, quando seus pais se mudaram para roça, e depois disso nunca mais saiu. Aos 11 anos de idade, ajudava a avó, Maria, que vendia queijos na feira. “Minha avó fazia queijos desde 1985, sendo uma das pioneiras na feira de Viçosa. Em 2008, minha mãe, Rita Gomide, passou a fazer os queijos e eu continuei a vendê-los nas feiras de Viçosa e região.
Em 2018, Vitor se forma em Medicina Veterinária e assume o Laticínios Gomide, localizado na zona da mata mineira – com o terroir possuindo um clima “bem agradável, mas com variações de temperatura durante o dia.” – mantendo a mesma tradição, amor e qualidade na fabricação dos queijos e levando o legado de sua avó Maria.
O gado da fazenda é mestiço, de porte médio, sendo predominante da raça girolando, com a alimentação variando durante a estação do ano, entre pasto e silagem de milho.
O leite utilizado na produção é da própria fazenda, complementado com o de fazendas vizinhas, processando 500 a 600 litros por dia. O leite coletado é usado na fabricação de produtos que que fazem sucesso nas feiras ao ar livre de Viçosa, como o Queijo Minas frescal; Meia cura; Muçarela ( nozinho, palito, trança e cabacinha); Minas Padrão, entre outros.
A arte de fazer queijo vai além do fazer, tem muito amor, dedicação, persistência e coragem de arriscar em fazer o diferente!”
Para quem ama queijos não existe queijo ruim! Existe queijo mal feito, completa o queijeiro.
Vitor consagrou se como melhor queijeiro em 2022, durante a segunda edição do Mundial. Vindo de uma família queijeira, o jovem foi o primeiro a conquistar o título. Além do reconhecimento em âmbito nacional, ele adotou os dois queijos criados para a disputa, que hoje fazem sucesso entre os clientes.
O primeiro, elaborado durante a primeira etapa do concurso, em Uberaba, foi uma homenagem à primeira filha e ganhou o nome de Lis.
Já o segundo, que garantiu o título de melhor queijeiro a Vitor, foi inspirado numa releitura francesa. O queijo campeão mesclou elementos franco brasileiros, onde o queijeiro explorou elementos que remetesse ao desafio proposto – deveria ser um queijo original, de casca fina, cilíndrico, que fundia na boca e com um elemento vegetal brasileiro:
“O Queijo Lavoura, na verdade foi criado, pensando em quem desenhou o concurso, que foi o francês (Arnaud Sperat, presidente do concurso), então a gente pensou em um queijo deles, o queijo Morbier, que tem uma linha de carvão cinza no centro. Pensando que íamos apresentar em São Paulo, remetemos a uma lembrança, pegando um café especial e colocando o no centro, então ficou uma linha estilo Morbier mesmo.
Aí pegamos um café especial, do tipo familiar. E, observando o terreno onde o café foi produzido, vimos que eles plantam bananeira em volta da lavoura para poder proteger, aí tivemos a ideia de revestir ele (o queijo) com a folha de bananeira. E o nome “Lavoura”, vem devido a lavoura de café”, explica.
Vitor agradou o paladar dos 8 jurados (sendo 4 franceses, 3 brasileiros e uma espanhola) ao apresentar o queijo com café, embalado na folha de bananeira, e conquistou também a medalha Super Ouro do Mundial de Queijo.