Em sua infância, Elzilene Dornelo tinha contato com o leite apenas quando chegava em garrafas pelas mãos dos vizinhos — “em casa, nunca tivemos uma vaca’. O queijo para ela era algo distante, feito por outros: “Lembro de quando íamos passear na casa da minha vó, quando criança, ela fazia queijo e me lembro bem quando ela ralava os queijos para eles ficarem lisinho.” Mas, foi só depois de adulta que ela descobriu que, mesmo sem saber, o sentimento queijeiro já existia dentro dela, esperando o momento certo de virar caminho e paixão.

Um recomeço com sabor de queijo

Mãe de dois meninos, Elzilene vivia cercada por papéis e a rotina de escritório a consumia. E, ao mesmo tempo em que lutava para dar o melhor aos seus filhos, ainda sim se sentia distante deles, e sem tempo de qualidade. Mas, algo dentro de si gritava por mudança. Mesmo sem ter uma vaca, em 2019 começou a fazer cursos de produção de queijos e manejo animal .

“Eu só tinha uma certeza: queria uma vida diferente. Foi assim que, em final de 2020, pedi demissão, comprei minhas primeiras vacas e em 2021 comecei, com coragem e amor, a produzir queijos no sítio que era herança do meu marido — um lugar que até então era só mato e sonho.”

Decidiram então, mudar tudo: deixando a cidade, construíram uma pequena casa e trouxeram a família toda para o campo. Lá, seus filhos brincam livres, seu marido cuida dos animais, e ela se realiza na produção dos queijos.

“Até medalha no Mundial do Queijo já ganhamos!”, comemora.

“Hoje, quando olho para trás, vejo que a maior conquista não foi só a agroindústria que criamos com tanto esforço. Foi descobrir uma nova forma de viver — com mais sentido, união e felicidade. E tudo começou com um simples desejo de mudar. Meu queijo carrega muito mais que sabor: ele leva a minha história.”

Em Pouso Alto – Distrito de São José, em Jandaia do Sul no Paraná, onde Elzilene mora, é um lugar bastante alto, com estações bem definidas: muito quente no verão e muito frio no inverno, onde contam com um rebanho de vacas, sendo a maioria da raça Jersey, uma holandesa e “agora estão chegando algumas jersolanda”. Juntas as vacas produzem 170 litros de leite, isso quando todas estão em processo de lactação.

O leite produzido é usado na fabricação de requeijão de corte, queijo meia cura – os carros chefe da produção. Além disso, produzem um queijo amanteigado, que contém doce de leite e goiabada em seu interior.

Assim, Elzilene reafirma seu amor pelos lácteos: “meus queijos não são apenas produtos, são feitos de história, de esforço e de amor. Com cada peça carregando as madrugadas de ordenha, o cheiro do curral, a alegria dos meus filhos correndo pelo sítio e a coragem de recomeçar do zero. Mais do que um alimento, é um pedaço da vida no campo, feito com verdade, dedicação e alma.”


Adoraríamos saber o que achou!

Seu comentário é recomendado para ser pelo menos de 140 caracteres

image

Funcionamento
  • sábado07:30 - 17:30
  • domingo07:30 - 17:30
  • segunda07:30 - 17:30
  • terça07:30 - 17:30
  • quarta07:30 - 17:30
  • quinta07:30 - 17:30
  • sexta07:30 - 17:30
image

A SerTãoBras é uma sociedade civil sem fins lucrativos, mantida por doações de pessoas físicas e jurídicas. Nosso site funciona como um thinktank, ou seja, uma usina de ideias para as questões dos pequenos produtores rurais brasileiros.

Blog Paladar Estadão

Inscreva-se no Correio do Queijo

SerTãoBras © Copyright 2025 - Todos os direitos reservados.