No ano de 1965, com apenas três anos de idade, Ornan Miguel de Miranda, juntamente com seus pais e mais dois irmãos, saiu da cidade de Sabinópolis – microrregião do Serro – terra fria e montanhosa em direção à cidade de Governador Valadares, terra de muito calor e pouco frio.
Após sete dias de uma cansativa viagem , ele chega a seu destino, como nos conta em versos sobre a sua história:
A viagem foi pesada
Sete dias de estrada
A vacada veio tocada
Fizemos várias paradas.
Na bagagem tinha de tudo
Do universo do queijo
Tinha lata, tinha banca
Tinha forma de madeira
Tinha também nosso segredo
Nosso bem mais precioso
Nosso fermento natural
Nossa herança ancestral.
O segredo é o pingo
Que dá sabor, aroma e textura
A nosso queijo artesanal.
Com meu pai aprendi tudo
Tirar leite, cortar massa, dessorar e ralar
Aprendi a conhecer queijo
Só de olhar e cheirar
E o tempo foi passando
E fomos juntando
Uma vaquinha aqui e a outra ali
Até minha terra conseguir
Com muito trabalho e esforço
Faço aquilo que amo
Sigo tranquilo na roça
E nunca perco meu ânimo.
E pra resumir minha história
Não posso ficar calado
Sou um apaixonado por queijo
Fresco, maturado ou mofado.
Além da viagem que mudaria os rumos de sua vida, Ornan também se lembra de outros momentos que marcaram sua história:
“Minhas mãos ainda não davam conta de segurar um queijo, e lembro de estar sentado em uma ponta de um banco de madeira e meu pai na outra. No meio uma tábua onde ralávamos e dávamos acabamento aos queijos. Um por um! Sentia aquele aroma gostoso, a presença de meu pai! Ali eu aprendia não somente sobre queijos….”
O nome que estampa a queijaria é derivado de um apelido da infância, como ele nos conta: “Quando eu era criança recebi o apelido carinhoso de “Kinha”. Esse apelido pegou e muitos me conhecem somente pelo apelido. Quando comecei a minha produção comercializava junto com meu pai. Eu produzia pouco e fazia com muito capricho e dedicação. Os comerciantes começaram a pedir ao meu pai pelo queijo do Kinha, se referindo aos queijos que eu produzia. Daí o nome do nosso queijo : QUEIJO DUKINHA.”
Hoje em dia, no município de Campanário – MG, região do Vale do Rio Doce, numa altitude estimada em 342 m, de clima tropical. E com um rebanho em torno de 70 vacas, predominante da raça Girolanda. Kinha utiliza os 450 litros de leite coletados, em média, por dia, para produzir o QMA tradicional – o carro chefe da queijaria – em dois tamanhos: 500 gr e 1kg, em média. Sendo um queijo de “casca lisa, textura firme e pouca acidez.”
O queijo, maturado na própria fazenda, é comercializado por atacado e varejo, sendo revendido para supermercados, empórios e padarias.