Ouro no Mundial do Queijo 2024!!!
Nordeste de Minas. O cabacinha é tradição na região pelo menos desde 1950, conhecido como um dos queijos artesanais mais populares do vale, vendido nas barraquinhas da BR 116, que corta a região de norte a sul.
Se você for de Belo Horizonte para Vitória da Conquista-BA e parar em um dos postos de gasolina da BR 116, entre Ponto dos Volantes e Itaobim, certamente vai comer um queijo cabacinha do Vale do Jequitinhonha feito pelo José Alves. Ele comercializa 90% da sua produção nas churrascarias “10% eu vendo para empórios e envio para consumidores fora daqui”. Um dos apreciadores deste queijo é o jornalista gastronômico Eduardo Girão.
José Alves é sergipano da cidade de Itabaianinha. Seu pai veio pra Joaíma-MG na década de 70 através do comércio de gado. Ele começou a produzir leite em 2001. “Fazia tipo mussarela para enviar para São Paulo e Sergipe. Em 2009 dois vizinhos, José Gontijo e Elizabeth Sampaio, me incentivaram a fazer a receita. Eu fui com eles ao lançamento do programa “Cabacinha com Qualidade do Jequitinhonha” na cidade de Pedra Azul MG, em 2010. Desde então faço somente Cabacinha e vi a possibilidade de ser um produtor legalizado,” disse ele.
A Fazenda Terra Estranha está em uma área de Chapada com Vales chamada de Boqueirão, no município de Joaíma no Vale do Jequitinhonha MG, em uma altitude entre 700 e 800 metros e temperaturas amenas. O rebanho de 50 vacas girolandas, 40 em lactação, vive em pastos rotacionados (sequeiro e irrigado), com suplementação.
Elas produzem em média 500 l de leite por dia, metade transformada em queijo e o resto vendido para laticínio. “Acho complicado aumentar a produção porque o cabacinha é moldado à mão, precisaria contratar mais um funcionário”. A fazenda tem 293 hectares, somente 10 ha para produção de leite. O resto é pecuária de corte (100 ha), eucalipto (50 ha), reserva legal (50 ha) e pastagens para reforma (73 ha).
“Através da interação com outros produtores em grupos de What’sapp, participei de três edições do Prêmio Queijo Brasil, conquistando medalhas de ouro, prata e bronze” conta Juscelino.
O governo de Minas anunciou, em setembro de 2021, quatro novos municípios – Divisópolis, Ponto dos Volantes, Joaíma e Jequitinhonha – como produtores do cabacinha do Vale do Jequitinhonha (veja mapa).
O reconhecimento do território do queijo Cabacinha foi trabalho da Emater-MG, que em 2010 começou o dossiê que fundamentou a delimitação, em 2014, dos municípios de Pedra Azul, Medina, Cachoeira do Pajeú, Comercinho e Itaobim como os primeiros territórios do queijo. “Isto é motivo de esperança para nós, que queremos comercializar nosso queijo em todo Brasil” disse José Alves dos Santos, que espera ter seu selo arte em breve.
*Texto da revista Profissão Queijeira