“O queijo Dona Iaiá representa não só a tradição do patrimônio imaterial mineiro, mas também uma saborosa forma de homenagem a minha mãe, por todo carinho e amor que ela sempre dedicou ao processo de fabricação” conta Estela Mares, filha de Dona Iaiá e incentivadora do seu trabalho. Resultado: medalha de prata no Mundial do Queijo de Tours na França em 2019.
Com sabor único típico da região do Serro, a produção deste queijo se funde com a própria história da dona Iaiá e antecessores, que desde o inicio da produção foi uma fonte alternativa de renda e sobrevivência.
Dona Iaiá, essa mulher guerreira, nasceu em Santo Antônio do Rio do Peixe, hoje Alvorada de Minas, a 20 km da cidade do Serro/MG.
Filha de Jaime Quitungo e D. Cotinha Simões, Dona Iaiá morava em um retiro com 14 irmãos, onde produziam rapadura, farinha de milho, café e o delicioso queijo curado que era vendido a um tropeiro de um lugarejo vizinho chamado Gororós.
D. Iaiá casou-se com seu primo Múcio Simões e foi morar em uma fazenda em Conceição do Mato Dentro/MG, onde foi abençoada com oito filhos. Entretanto, em 1972, resolve separar-se e começar uma vida com muita luta e perseverança para receber parte da fazenda que lhe pertencia.
Em 1980 conseguiu o desejado e recomeçou com poucos recursos, mas com a ajuda dos filhos, Mucinho e Marcelo, retomou o ofício que aprendeu com o pai. A produção começou a crescer e ser apreciada em toda região.
Em 2017, após aposentar-se, sua filha, Estela Mares, resolve aprender o ofício que a mãe realiza com tanto amor e dedicação.
Estela Mares, que sempre teve a mãe como inspiração de mulher, de mãe, de guerreira vitoriosa, acabou se apaixonando também pelos queijos, e assim, sem perder a essência da produção artesanal com todo o zelo e amor da mãe, acrescentou a maturação. Adquiriu mais experiência participando da missão técnica na França em 2017, organizada pela SerTãoBras e Faemg, e fez os cursos de cura com os franceses Hervé Mons e Delphine Geant.
Pouco a pouco, o queijo da D. Iaiá transformou-se em um produto de primeira linha, aprovado pelos paladares mais exigentes, sem perder a característica já nele impressa desde os primórdios. “Fazer queijo é preservar a nossa história, tem toda a dimensão emocional e afetiva que amamos tanto, estou muito feliz!” exclama Estela.
Seu queijo ganhou medalha de bronze em 2017 e 2018 no III e IV PRÊMIO QUEIJO BRASIL em São Paulo e foi ouro na concurso popular elaborado pela Emater na cidade do Serro.
Livro “Os Queijos de Leite cru”, de Arnaud Sperat Czar, para download!
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