A 930 metros de altitude, numa área de mata fechada, entre Bragança e Pinhalzinho, Estado de São Paulo, o sítio “Quinta das Magnólias” busca a sustentabilidade e preza o bem estar animal Por Luiz Tadeu
A veterinária Júlia Letícia, 29 anos, acredita que o bem estar animal tem a ver com a qualidade. “Quanto mais calma e mais feliz a vaca está, melhor é o leite”. Da raça Jersey, as vacas têm nome e são vistas como colaboradoras.
A mais antiga delas, Ana Catarina, de personalidade intensa, deu nome a um queijo, o “Anacata”. “É um queijo mofado, um pouco mais picante, como o temperamento dela, agitada, super brava, às vezes emburrada. Não que ela seja agressiva, é sua personalidade.”
Ela treina suas vacas para evitar o estresse na hora do parto. “Quando elas vão parir pela primeira vez, é um momento muito novo para elas, a glândula mamária trabalhando, o barulho da ordenha, o manejo, isso pode ser assustador. Então um pouco antes do parto, elas vão para a ordenha. Passamos a mão nelas, fazemos pré-dipping, para irem se acostumando. Isso facilitou demais para nós e para a novilha.”
A música ajuda na produção natural de ocitocina e liberação do leite »
Outra prática adotada é o uso da música na hora da ordenha. “Quando começa o barulhinho da ordenha, a música ajuda na produção natural de ocitocina e liberação do leite”.
➤Alvorada: Massa cozida e casca lavada com Brevibacterium linens.
➤Toca: Queijo adocicado, com pequenas olhaduras, notas de frutas amarelas, picância suave e carvão ativado, o que favorece o mofo branco natural do ambiente.
➤Hades: Com um ano de cura na madeira muiracatiara, ele é lavado no Bourbon, tem notas de carvalho, baunilha e cristais na textura.
➤Anacata: de casca mofada, sabor mais picante.
➤Submundo: Queijo feito com alfazema azul e flor de fada, curado no absinto. (Da esquerda para direita)
“Na rotina das vacas, respeitamos seu comportamento. Elas têm liberdade para sair em pastejo rotacionado. Mas agora no verão, elas saem à noite para pastar, porque a temperatura está muito alta. De dia elas ficam no barracão, porque lá tem sombra, ventilador e aspersores para mais conforto.” A alimentação é complementada com ração e silagem.
A preocupação com o aumento das temperaturas é recorrente, pois tendem a deixar o gado mais irritado. Uma das alternativas encontradas por Júlia é tentar controlar a temperatura do animal e afastar os parasitas, utilizando o processo de homeopatia diretamente na ração:
“Eu faço tratamento de homeopatia para parasitas. Esse processo reduz bastante a carga de carrapatos, verminoses e até moscas, que incomodam muito a vaca. Usamos óleos essenciais nos aspersores, que são refrescantes. Isso diminui a temperatura corporal em até 2 a 3 ºC. Também usamos óleos essenciais digestivos, porque as vacas comem silagem, que é fermentada, o que acaba aumentando a temperatura.”
A madeira ajuda na criação de receitas autorais. “Todos os meus queijos são maturados em diferentes madeiras, como pinus, cedrinho e muiracatiara. Esta última, por exemplo, dá sabor, aroma e coloração, transforma o queijo na cura.
Para Julia, a filosofia do sítio contribui na valorização do queijo que chega ao consumidor final. “A comida é reflexo de como os animais são tratados, a felicidade e o conforto delas reflete no queijo”. ■
Instagram: @quintadasmagnolias
Aberto para visitação sábado das 10:00 às 17:00
Pedidos via WhatSapp: (11) 99511-1961
Quinta das Magnólias – Fazenda de Laticínios; Bragança Paulista – SP
Sonho em forma de Queijos