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A história da minha família pode ser contada ao som do tropel de uma boiada. Meu pai foi tropeiro. Meu avô também. O pai dele e os irmãos domavam mulas, atrelavam bois e seguiam o passo vagaroso dos carros de bois que, carregados de mantimentos, cruzavam as lonjuras desses Sertões: “vai Laranjo, vem Fumaça, ôôôaaaa”! Desde que aqui chegaram, em fins do século XIX, fixaram-se nessa região do sul de Goiás e começaram a doma de uma terra que de tão fértil chegava a ser roxa. Meus bisavós eram amigos e ainda jovens acertaram o casamento dos filhos. Criaram as famílias levando boiada e carreando alimentos pro triângulo mineiro: ia boi, porco tocado, toucinho, açúcar, rapadura, farinha, queijo curado e voltava sal, chita e pólvora. Foi o início de uma história. A história da Terra Roxa.

Nasci e cresci no campo, onde enterraram meu umbigo e sob um céu que somente o Cerrado oferece. Aprendi a montar na garupa do meu pai, a rezar com a minha bisavó Maria e a torrar farinha, defumar linguiça e a fazer queijo com minha avó Alvacir: o leite morno, o coalho, a coalhada cortada com as mãos e depois espremer e espremer e espremer. Cresci e fui estudar na capital. Me casei, criei três filhos e em tempos de pandemia, perdi meu pai. Rezei. Campeei sentimentos num cipoal de solidão. Voltei para o campo numa tentativa de me reconectar com o pai e com o amor. Reencontrei os queijos e me apaixonei por eles. Assim, cumpri a “profecia” do umbigo que diz que a pessoa sempre volta para o lugar onde seu umbigo foi enterrado e, debaixo daquele céu iluminado de vastidão, criei a “Queijaria Terra Roxa”.

Estamos localizados no Planalto Central brasileiro, entre duas das maiores bacias leiteiras do estado de Goiás, que se destacam pela qualidade e alto índice de produtividade. Devido ao Cerrado ser o segundo maior bioma brasileiro e da América do Sul, com uma formação florística que é considerada por instituições Internacionais e pela ciência como a savana mais rica do planeta – sendo mais de dez mil espécies de plantas, das quais 45% são exclusivas do Cerrado. O leite produzido aqui possui uma flora microbiológica única. A fim de valorizar essas características, desenvolvemos queijos autorais, com fermentações da flora selvagem do nosso leite cru e do ambiente. Nossos queijos refletem a personalidade do nosso território e do nosso leite, único e sazonal.

Na queijaria, atualmente, temos capacidade de beneficiar 500 litros de leite por dia, sendo o leite produzido exclusivamente na propriedade por vacas da raça Jersey e Holandesas. Nossa composição racial predominante é Jersey com 80% e 20% raça holandesa. Possuímos 44 vacas totais , 37 vacas em lactação, 9 novilhas gestantes, 10 bezerras em crescimento. Média de produção de 16 litros por vaca lactante. A alimentação é composta por volumoso silagem de milho e concentrado de farelos composto de proteína, energia, minerais orgânicos, vitaminas e aditivos tamponantes (para prevenir acidose ruminal) e aditivos moduladores de fermentação ruminal.

A maturação dos queijos ocorre na própria fazenda. Onde vendem por delivery, juntamente com o mel que também é produzido na fazenda.

O queijo, tradição que transcende gerações, carrega o sabor autêntico do passado e a promessa de um futuro com cheiro  de memórias.

Para nós, todos os queijos são especiais, no entanto, um deles tem destaque especial em nossos corações, é o nosso Guardião. Seu nome é uma homenagem a meu pai, Adilon Alves de Aquino. O queijo Guardião é produzido com leite cru, tem massa dura e prensada. Nosso queijo de mais longa maturação, que “pacientemente” permanece ao menos 8 meses sob cuidados constantes, recebendo um tratamento de casca especial com extrato natural de Pau Brasil, mantém-se ao longo desse processo “guardando” todos os outros queijos mais jovens até desenvolver uma textura densa, untuosa, com um leve dulçor e picância no paladar. É a trajetória paciente de “ver” e “guardar” todos os queijos que passam por nossa Caverna que inspirou seu nome. Uma amorosa homenagem aquele que, pacientemente, guardou e cuidou de toda família.

Queijo Guardião.

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