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Inspirações e cenários para o queijo autoral

Editorial

Inspirações e cenários para o queijo autoral

Confira o editorial da nova edição da Revista Profissão Queijeira:

Essa nova revista vem cheia de esperança para pirar e inspirar os atores do queijo brasileiro. Nas tendências de lançamentos, os queijos autorais chamam a atenção do mercado, sempre em busca do verdadeiro DNA brasileiro. Mas o que tem nessa genética? 

Dos pampas gaúchos, com suas pastagens verdes a perder de vista, passando pelos sertões nordestinos, com sua rusticidade que nos ensinam tenacidade e resiliência, semi-áridos, praias, florestas, matas, manguezais e povos de todas as cores. O Brasil é a pátria da diversidade e da biodiversidade e o queijo acompanha.

O queijo minas artesanal é patrimônio imaterial, e agora? Onde aperta, onde dói? Quais são os gargalos para a formalização de uma cadeia estimada em nove mil produtores da agricultura familiar. Um dossiê trata do assunto, com mais perguntas que respostas, mas já apontando os primeiros passos para não ficar ninguém de fora.

Enquanto não superamos dificuldades, o queijo de leite cru e fermentos nativos está sendo mais incluído nas prateleiras de supermercados. Aqui os desafios são outros: volume, logística, rotação… Os detalhes para quem quer se aventurar nesse negócio são desvendados em um dossiê de Tereza Rodrigues.

Mesmo que os queijos estejam sendo vendidos aonde seus produtores quiserem, e isso é uma vitória do nosso movimento, é sempre importante lembrar do conceito do queijo CRU CRU, feito na fazenda. Sua existência diz sobre a importância da preservação da microbiota local, para evitar o que está acontecendo em outras terras e continentes.  Com o domínio das grandes multinacionais produtoras de fermentos alienígenas e ingredientes os mais esquisitos e diversos possíveis, fazendo com que os produtos lácteos fiquem cada vez mais alienados dos seus povos… Precisamos nos aproximar da origem. 

O distanciamento entre os consumidores e as roças, locais onde são feitos os alimentos, detonam processos perversos e perigosos para a sobrevivência de um autêntico queijo local.  Cada queijo cru, de leite cru, e de novo cru pelos fermentos autóctones,  representa o seu pedaço de chão. Essa é a essência primeira da SerTãoBras, associação que começou, em 2008, a trabalhar pelo queijo minas artesanal, nosso CRU CRU eleito patrimônio pela Unesco . 

Claro que hoje a associação alcançou outras paragens. Mas sempre que for voar para horizontes diferentes como as grandes corporações,é dever consultar o oráculo dos pequenos, tanto dos produtores, quanto dos microorganismos.

Foto de queijo Beaufort DOP francês cortado em vaquinhas, cuja produção está no programa da Viagem Técnica da Guilde e da SerTãoBras em 2025.


Boa leitura, saudações queijeiras.  
Por Débora Pereira 

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