por Robin Geld
Ficamos sentadas perto da grande embaré, a “barriguda”, no silêncio do semiárido, algumas nuvens despertando no céu, desejo de vivenciar as primeiras águas, ouviríamos a saparia toda em festa, como diz Drummond, que saem ninguém sabe donde, todos de uma vez, nas primeiras chuvas, como nos relataram Santiago e Zé Americo, e cheirar os cheiros que este lugar único deve emanar.
E apaziguar algumas das imagens secas de terra tão difícil de trabalhar, trabalhada com enxada sob aquele sol, sabendo ainda de pessoal para quem não chegaram as cisternas, pois é necessário telha e assim, casa, para seu bom funcionamento.
Seriam as cisternas uma espécie de luxo então, um paliativo ajudando manter a mão de obra sazonal nas proximidades das grandes fazendas? Como agüentavam ficar num lugar destes ao longo de cinco, seis meses? Não havia vera solução senão mudar para terras mais úmidas e férteis, ou trabalháveis?
Mas algo do clima quente e seco, com suaves brisas a soprar de quando em quando, algo da exótica vegetação, dura, embrenhada, espinhenta despontando em flores coloridas, algo do doce dos frutos que já evidenciamos, algo da vontade do pessoal de ali ficar, algo da atração que exercia em nós, que já adiávamos a estada por pelo menos mais um dia… sugeria que do lugar gostavam, e podendo, ali ficariam.
E diante dos duros questionamentos, nada mais convincente do que as respostas sem sombra de dúvida, de todos com quem falamos, de que as cisternas eram solução, prática, e das boas. Não de combate às secas, mas do melhor proveito dos tempos das bonanças.