Daniel Strongin, autor do site EnjoyCheese e ex-presidente do American Cheese Society, vive hoje no Rio de Janeiro. Ele explica em seu artigo porque o controle na produção de queijo deve vir desde o curral e como a prevenção é uma excelente alternativa para fabricar queijos de leite cru em segurança.
Em seu artigo “A Nova Era Pós-Pasteuriana: o novo conceito de política pública em segurança dos alimentos e leite cru“, Daniel Strongin,norte-americano de alma carioca, explica as mudanças que foram e vêm sendo implementadas no mundo através de políticas públicas na área de segurança dos alimentos. Ele identifica as melhorias decorrentes dessas mudanças, uma vez que influenciam na condição econômica dos pequenos produtores de queijos artesanais e na qualidade do leite cru.
“Essas mudanças abrem caminho para criação de novas ferramentas
de prevenção às contaminações em geral,
de melhoria dos processos contínuos de fabricação de queijos,
análise e quantificação dos riscos de fabricação e,
finalmente, de melhor harmonização com a natureza.”
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Qual a sua história com o queijo artesanal? Como foi seu envolvimento na American Cheese Society?
Caí de amores pelo queijo artesanal quando eu trabalhava como Chef, no início da minha carreira. Entrei para a American Cheese Society – ACS (Sociedade de Queijos Americanos) no começo dos anos 90, quando a sede era em San Francisco. Eu era Chef Gourmet de hotéis como o Ritz-Carlton, restaurantes e clubes e tinha a responsabilidade de comprar queijos para abastecer as cozinhas desses estabelecimentos. Então eu estava sempre buscando produtos diferenciados. Eu tinha mais de 240 queijos artesanais de pequenos produtores dos Estados Unidos na minha gama de produtos. Em 1994, eu organizei palestras e conferências na região de San Francisco e o conselho da ACS me pediu para assumir como Presidente, cargo que exerci por 3 anos. Depois disso, o governo da Califórnia me contratou para ajudar na criação de um novo nicho no mercado de queijos artesanais (feitos em fazendas) na California, serviço que fiz por 11 anos. Eu fico feliz por ter participado do renascimento dos queijos artesanais nos Estados Unidos. Depois eu trabalhei no Polo de Inovação em Laticínios do estado Wisconsin, ajudando pequenos produtores familiares a sobreviverem e terem lucros em seus negócios.
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Como você veio parar no Brasil e qual sua ocupação atual no Rio de Janeiro?
Eu fui casado com uma brasileira por 13 anos. Depois do divorcio, parei no Rio e não queria voltar para os Estados Unidos mais. Adoro Brasil. Atualmente, tenho uma empresa chamada Inventa Moda Organização e Planejamento, (Imoplanejamento.com) e continuo escrevendo uma coluna para o Jornal The Cheese Reporter. Durante os primeiros 5 anos depois que cheguei no Brasil, eu viajava uma vez por mês para atender clientes no México e nos Estados Unidos. Sou especialista em Produtividade e Gestão Integrada para micro e pequenas empresas, com foco em alimentos e valor agregado.
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Quais são seu planos para o futuro em relação ao queijo artesanal brasileiro?
O queijo artesanal é, para mim, um braço essencial da preservação da cultura e agricultura sustentáveis. Precisamos valorizar os produtores pequenos familiares e as culturas rurais. Vou ajudar como eu posso. Tenho um projeto potencial para criar uma loja para ajudar na exportação de queijos artesanais brasileiros para os Estados Unidos, onde eu tenho muito contatos. Eu animo um grupo sobre queijo no Facebook, o Enjoy Cheese, e meu site oferece um excelente curso online sobre queijos, o enjoycheese.net. (Atualmente somente em inglês, mas em breve em português.)