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Cenários e riquezas do Cerrado de Guimarães Rosa

por Aldem Bourscheit, do WWF-Brasil, 11/9/2012

João Guimarães Rosa reinventou a Língua Portuguesa ao descrever de forma irretocável a realidade sertaneja em parte dos “Gerais”. A região, antigamente mais conservada, tem quase o tamanho do Amapá e se estende pela margem esquerda do São Francisco, no norte e noroeste mineiro, oeste da Bahia, norte goiano, leste de Tocantins e sul do Piauí e do Maranhão.

Nas andanças do escritor, muitas vezes em lombo de burro, descobriu que o “sertão é do tamanho do mundo”, tamanha a diversidade de gentes, de natureza e de “causos” naquela porção de Cerrado. Documentar parte desse patrimônio em vídeo foi um desafio e tanto, que exigiu mais de 10 mil quilômetros rodados em estradas de terra e centenas de horas de gravação.

O vídeo produzido por WWF-Brasil e Raiz Savaget Comunicação traz uma amostra das riquezas ambientais e humanas do chamado Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu. Decretado em abril de 2009, ele reúne unidades de conservação federais, estaduais e particulares, além de terras indígenas.

A produção completa tem cerca de 25 minutos e traz alguns destaques ambientais, produtivos e humanos da região. Prefeituras, NGs, comunidades, escolas e associações, no Mosaico e em outros pontos do Cerrado, receberam cópias do material, inclusive com legendas em Inglês e Espanhol. Abaixo, assista a uma versão reduzida do vídeo Sertão Veredas-Peruaçu – Mosaico de Conservação, Cultura e Produção: Sertão Veredas Peruaçu.

Abaixo, assista a uma versão reduzida do vídeo Sertão Veredas-Peruaçu – Mosaico de Conservação, Cultura e Produção:

Os quase 2 milhões de hectares do Mosaico são destinados à proteção da natureza e a modelos econômicos mais sustentáveis, distribuídos em onze municípios do norte de Minas Gerais e oeste da Bahia. Cooperativas de extrativistas, uma estrada-parque e roteiros turísticos vêm sendo estruturados.

Suas paisagens são abrigo da diversidade do Cerrado, cuja conservação regional é fruto da atuação histórica de populações tradicionais, governos e organizações não-governamentais, como a Fundação Pró-Natureza (Funatura), Instituto Rosa e Sertão e Cáritas Brasileira.

O Mosaico também é palco de expressões culturais onde a realidade do Sertão ganha contornos inesperados. Tamanha riqueza inspirou uma das maiores obras da literatura nacional, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa (1908-1967), e tem potencial para encantar brasileiros de hoje de amanhã.

Por meio do Programa Cerrado-Pantanal, o WWF-Brasil apoia a estruturação e a consolidação do Mosaico, especialmente de suas unidades de conservação e de modelos de produção mais sustentáveis e menos impactantes.

O Cerrado é a savana mais rica em vida do planeta e é reconhecido como a “caixa d´água do Brasil”, pois nele nascem águas que abastecem as principais bacias hidrográficas do país. Todavia, já perdeu metade da vegetação original e tem menos de 3% de sua área efetivamente protegida.

Sem ações emergenciais que elevem a proteção oficial e os índices de produção sustentáveis, o Cerrado pode desaparecer nas próximas décadas.

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