Manu, Anelise, Paola, Emmanuella, Rodrigo, Caroline, Caio, Ricardo e Carolina. Nove jovens brasileiros, entre 20 e 23 anos, estudantes do programa Ciência Sem Fronteiras, estavam no saguão da Escom – Escola de Química Verde, para conversar sobre sua experiência de morar por um ano na França.
Sophie Jourdain, professora responsável pelos alunos na escola, diz que o Brasil é o único país a custear todas as despesas de seus alunos. Menos a anuidade de 20 mil reais que a escola concede sem ônus, segundo Sophie, para dar aos seus alunos franceses a chance de conviver com outras culturas, sem sair desta cidade de 40 mil habitantes.
Debora Carvalho, doutora em Ciência da Informação pela UFMG, ela mesma uma bolsista sanduiche de Doutorado na França em 2012, foi até essa cidadezinha, Compiègne, ao norte de Paris, entrevistar os bolsistas da Escom, acompanhada da geógrafa Ana Paulina Soares, da UEA (Manaus), que também defendeu essa semana seu doutorado em Geografia na França, e da socióloga Li An, mãe da cineasta Petra Costa.
Segundo os alunos, a seleção era feita, a princípio, somente pelas notas do ENEM, mas agora as universidades estão começando a fazer seleções internas também, o que beneficia mais pessoas.
Manuela Agassi conta que a coordenadora Sophie Jourdain é como uma mãe, faltas devem ser justificadas, cotidiano bem organizado e os alunos têm um acesso 24 horas de comunicação com o site do programa no Brasil. De fato, comenta-se que esse seja o programa xodozinho da presidenta Dilma. Ela justifica que os alunos precisam ter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação.
O Ciência Sem Fronteiras busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas – ciência exatas, tecnológicas e médicas – e estuda-se a implementação nas ciências humanas. O programa visa também criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior, trazendo para o Brasil o conhecimento.
Uma das dificuldades dos alunos é, pela facilidade de estar com brasileiros por perto, o idioma francês pode não se desenvolver tão bem. “Tudo depende do nosso esforço de interagir com os franceses”, conta Caio, do Rio de Janeiro. “E os trabalhos em grupo só com franceses são ótimos para socializar”, conta Carolina, de Belo Horizonte. “Eu talvez não teria condições de fazer isso se não fosse o governo”, ela completa
Todos fizeram um curso de francês antes de vir e, segundo Sophie, estão bem adaptados e muito melhores no idioma que os alunos de outros anos anteriores.
Caio Jappou acredita que esse é um investimento a longo prazo “Tenho certeza que, quando voltarmos para o Brasil, poderemos dar muito mais do que recebemos aqui”, ele conclui.
Para Rodrigo Coelho, “a cabeça , o modo de encarar as coisas dos franceses é mais organizado”, isso o ajuda muito a ver a vida de outra forma.