O 2º Simpósio de Queijos Artesanais Brasileiros, organizado pelo governo do Rio Grande do Sul e pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS), reuniu em Porto Alegre na semana passada interessados no tema, entre acadêmicos, movimentos sociais e ONGs.
No último dia, ocorreram debates sobre o futuro do queijo no País.
Por Fabricio Porcaz e Hannah Sultan
As discussões começaram em grupos – os participantes foram divididos entre pesquisadores, professores, estudantes; assistentes técnicos no desenvolvimento de queijos artesanais; e produtores e fabricantes de queijos artesanais. Para todos, duas questões foram postas: “O que está sendo feito para preservar os queijos artesanais (diversidade, identidade e qualidade)?” e “O que deve ser feito para preservar os queijos artesanais?”
As propostas que surgiram desses grupos e foram discutidas no final por todos compõem a carta do 2º simpósio, como havia acontecido no primeiro em 2011, em Fortaleza-CE. A carta vai ser disponibilizada no site do evento.
Antes disso, ocorreu uma palestra de Bruno Cabral, Mestre Queijeiro de São Paulo, e Bibi Pezza Cintrão, da Slow Food Brasil, que mostraram perspectivas distintas daquelas já discutidas ao longo dos primeiros dois dias. Representando o mercado urbano, Cabral propôs um aumento na comercialização e no marketing dos queijos artesanais, além de uma maior conscientização dos consumidores. “Com um consumidor consciente, o produtor vai receber o valor correto para seu produto. Isso vai ajudar combater o êxodo rural, a perda de cultura tradicional, e garantir um futuro do fazendeiro na sua terra”, disse. Bibi falou sobre os benefícios de produção artesanal; entre eles, o baixo impacto ambiental. Defendeu uma legislação específica que “reconheça e respeite a cultura e o saber-fazer”, e uma rede nacional em defesa do queijo artesanal de leite cru.
Vários palestrantes falaram sobre a legislação federal que, enquanto ocupa um papel bem grande na vida dos produtores, não é, ou deveria ser, o último ou único recurso para a revitalização dos queijos feito artesanalmente com leite cru.
Queijos do Nordeste
Durante o evento, além da presença de produtores e técnicos de Estados que tradicionalmente produzem queijo, houve uma expressiva e contundente apresentação e presença dos queijos do Nordeste, Caiacó e Vale do Jaguaribe, duas regiões que organizaram-se em pequenas coletividades para produzir dois tipos diferentes de queijos e já possuem mercado cativo pela tradição local de consumo e que agora estão se espalhando por suas qualidades e características próprias.