Túlio Madureira e seu pai José Bento, produtores de queijo do Serro, visitaram Gabriel Andrade, patrono da SerTãoBras, para fazer o que os três mais amam na vida: comer queijos e conversar sobre o gado Gir.
Por Débora Pereira
Uma boa notícia para os produtores brasileiros, e em especial, aos que utilizam genética zebuína, é a pesquisa da UNESP Jaboticabal, ABCGIL e APTA (Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio) que constatou que as vacas Gir produzem leite com praticamente 100% de beta caseína A2, a proteína do leite que não causa alergia.
Durante a visita dos produtores Túlio Madureira e seu pai José Bento a Gabriel Andrade, a conversa girou em torno dos benefícios desse leite para o gosto e qualidade do queijo. Além de não provocar alergia, o queijo do Gir maturado mais de 60 dias não tem mais lactose. O leite dessas vacas tem conservantes naturais, é considerado o leite com maior vida útil no mercado.
Estima-se que 6% da população mundial seja alérgica à proteína beta caseína A1, presente no leite de vaca. Essa proteína passou a ser produzida após uma mutação genética ocorrida há 10 mil anos em vacas de origem européia. Há estudos que comprovam a relação entre o consumo de leite contendo essa proteína e casos diversos de alergia. Como as vacas Gir são originais da Índia, não passaram por essa mutação e produzem leite que não causa intolerância ou alergia.
Túlio e seu pai optaram pelo gado GIR desde 1975, quando compraram os primeiros touros da Fazenda Calciolândia, porque esse gado se adapta muito bem a ambientes rústicos, como as montanhas do Serro.
Para Gabriel Andrade, as vacas Gir são as “menos insustentáveis”:
“Diante de tanta discussão hoje em dia sobre ambientalismo, a criação de gado é a cadeia produtiva mais ‘atacada’ pela mídia e pelos ambientalistas. Pensando, então, em uma alternativa para a produção de carne e derivados do leite, eu aposto no gado GIR como o menos insustentável” ele se empolga “Em vez de investir em fiscais para perseguir o queijo, o governo deveria investir em um gado de qualidade para os produtores das regiões queijeiras” defende Gabriel.
Gir leiteiro fazendo parte da tradição queijeira do Serro
Túlio conta um pouco da sua história e os motivos da opção pelo gado Gir:
“Meu pai é produtor desde que se entende por gente, a minha mãe é de família produtora desde Portugal sobrenome Madureira, que vem de madurar, sou a quinta geração aqui no Brasil, sempre vivemos do queijo e do gado de leite. Quando criança, as pessoas mais pobres pediam pão velho nas portas e na minha casa pediam um pedaço de queijo, que nunca faltava, e eles já sabiam disso.”
Túlio Madureira
Dos três filhos de seu Bento, Túlio foi o que ficou na fazenda para produzir queijos. No Serro, pequena cidade de 20 mil habitantes, rodeado de serras, rios e cachoeiras, Túlio foi vendo todos amigos indo morar fora, como seus dois irmãos.
“Isso acontece, há centenas de anos os jovens vão embora e a sociedade e as idéias vão envelhecendo juntas com a nossa cidade, que tem mais de 300 anos”.
Túlio Madureira
Túlio conta que em outubro de 2004 ele passou a criar a variação de gado Gir PO:
“em 2006, compramos o touro Lenhador da Calciolândia que entrou no nosso rebanho para mudar nosso destino, com sua força genética fez as nossas matrizes ainda atrasadas evoluírem em todo o necessário para uma vaca moderna e produtora de leite. Nós sempre selecionamos com foco no Queijo do Serro era diferente o sabor do queijo produzido por nós, todos que comiam gostavam e diziam…
Esse queijo é diferente, porque ? Aí eu explicava a rusticidade que o Gir transmitia ao sabor do produto e foi assim que nasceu a marca Queijo do Gir, para selar algumas centenas de anos na história de produção do Queijo Artesanal da região do Serro, com a nobreza da raça bovina mais antiga do mundo, sagrada na Índia e no Brasil, a raça GIR.” Túlio Madureira.
Gabriel pediu à Túlio para fazer uma publicidade especial para divulgar todos esses benefícios do queijo do Gir. “Mas, doutor, e se eu não der contas das encomendas? perguntou o produtor. “Aí você aumenta o preço e fica rico”, todos riram.
Túlio disse ter ficado muito emocionado em conhecer Gabriel pessoalmente: ” a simplicidade dele quando conta suas memórias de infância, nas cachoeirinhas do rio São Francisco, é muito bonito”. Gabriel foi homenageado com um quadro com a foto touro Lenhador com os dizeres:
“Aos 90 anos de Gabriel Donato de Andrade, a família queijo do Gir, da cidade do Serro, agradece ao homem que mudou o rumo da história da raça gir no Brasil e do queijo artesanal brasileiro. Serro, 21 de janeiro de 2016. Lenhador, patriarca do nosso rebanho.”
Segundo Túlio, oferecer esse quadro para Gabriel foi como fazer a “devolução” do touro, que foi comprado em 1996. “Devolvi o touro 30 anos depois, com esse resultado maravilhoso, que são os queijos. Sempre que eu voltar em Bh vou levar mais queijo pra ele” prometeu Túlio. Gabriel comeu muito queijo e elogiou: “Parabéns, parabéns, parabéns!”
2 Comentários
Puxa vida devo agradecer vocês ganharam meu dia que site fantástico cheio de noticias não me canso de Elogiar já é a minha terceira visita por aqui absolutamente fantástico.
Gir leiteiro
Fantástico