Se Minas Gerais tem muitos queijos Minas artesanal, o Brasil tem muitos requeijões. Se imaginarmos qual seria o queijo “tipo Brasil”, pela sua rusticidade e boa adaptação ao clima e terroir, e por sua presença na maior parte do nosso território continental, o requeijão seria o escolhido. Buscamos apresentar, na nossa seção Terroir Vivo (ver aqui), a diversidade desta receita pelo olhar de experts de diferentes regiões, com seus inúmeros nomes e faces: queijo de manteiga no Rio Grande do Norte, queijo de Marajó no Pará, requeijão moreno no Nordeste de Minas, ou simplesmente requeijão na Bahia. Esse dossiê tem a co-autoria ilustre de Eduardo Girão, que anunciamos como novo colaborador da revista.
No Vale do Mucuri MG, especialmente, o saber-fazer do requeijão moreno traz uma promessa de emancipação e empoderamento para famílias mais carentes, como explica Júlia Val em sua pesquisa (ver aqui). Todas as políticas públicas para valorizar a atividade são bem vindas.
Delicie-se com a globalidade da nossa cultura láctea”
Na seção “Dossiê”, um resumo dos dados apresentados na Cúpula Mundial do Leite chama a atenção para a concentração das fazendas no Brasil: os grandes comprando os pequenos e aumentando suas áreas. A concentração da indústria também está acontecendo, prova disso é que o maior produtor lácteo em nosso país é uma multinacional francesa. O movimento do queijo artesanal de alto valor agregado, pelo contrário, busca pela diversidade de fazendas, produtores e receitas de queijos. É bom escutar que o artesanal veio para ficar no Brasil, principalmente de uma autoridade dos laticínios, o professor Antônio Fernandes em sua palestra em Paris (ver aqui).
Nessa lógica, o queijo autoral tende a influenciar o queijo industrial a melhorar sua qualidade e tipicidade, o que em um país de 212 milhões de habitantes só pode ser uma boa notícia. Se o brasileiro se habituar a comer queijo de melhor qualidade e mais diversidades de receitas, todo mundo vai ganhar, indústria e artesanal.
A seção de Vendas (ver aqui) apresenta três lojas com boas soluções para seus contextos; a importância de participar de concursos para conhecer melhor seus queijos e as vantagens de renovar seu ponto de comércio, acompanhando as tendências de consumo.
Na seção Técnica, um artigo sobre a formação de películas no grão da coalhada, que pode resultar em olhaduras mecânicas, pode ser a solução para produtores que querem uma massa de queijo lisa, sem furos. Para quem gosta de cultivar o Penicillium camemberti em suas cascas floridas, um material completo para deixar esse microrganismo feliz e confortável, branquinho e com longa vida.
Na seção Origens, conheça a Cuitelo Real, primeira queijaria autoral certificada em Minas Gerais, que faz queijo de leite cru. Na seção da Guilde Internationale des Fromagers, para terminar a leitura de sua revista, aprecie as novidades do Club da Ásia Central e se delicie com a globalidade da nossa cultura láctea. Boa leitura, saudações queijeiras. ■
Por Débora Pereira – Foto de requeijão moreno de Magê Monteiro
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