O evento “Queijo canastra documentado” realizado em 1/08/2010, dentro da programação anual de Paladar, do jornal O Estado de São Paulo, no Gran Hyatt Hotel, S.P., reuniu a chefs, antropólogos, comerciantes, jornalistas, pessoal do Slow Food, Sertãobras (Lian, presidente, Carlos Dória, diretor administrativo) enfim, apreciadores e apoiadores para assistir ao documentário de Helvécio Ratton, O Mineiro e o Queijo, trocar informações e… degustar de uma preciosa variedade de queijos artesanais de Minas, derivados do leite crú, enviados para a ocasião.
O documentário, co-financiado pela Sertãobras, e os queijos, colocam em contato com história, tradições, modos de vida, fala, tratos, sabores do Brasil que nos enriquecem, dos quais podemos nos orgulhar… e que podemos perder! Todos que assistiram, seja porque gostam do queijo, ou de uma vida mais simples de muito trabalho mas com o toque, o jeito especial, empatizaram, e querem fazer algo em prol da sobrevivência dos queijeiros tradicionais.
Tudo tem seu lugar, mas a competitividade do grande e da multi, as regras criadas e que valem para o grande e a multi dentro de procedimentos em massa e impessoais, a propaganda e deificação desnorteantes do homogênio, pasteurizado e depurado, vão tirando o pequeno do mercado. Ou este acaba vendendo sua propriedade e se tornando mais um empregado das grandes, ou deixando de “fazer” para apenas vender a sua matéria prima que se junta às tantas outras se tornando um produto processado sob alguma marca conhecida. Os “fazeres” do pequeno produtor, suas características, seus lugares, vão diminuindo, assim como vão diminuindo as chances do consumidor em escolhas e desfrutes.
Robin, colaboradora da Sertãobras presente no evento, vem de uma tradição de agricultores “conservacionistas/ ecológicos”, isto é, trabalham com e aprendem da natureza ao plantar e criar, e assim, tendem pela diversificação, cuidado, contato.
A fazenda em que cresceu vai diminuindo não apenas no processo da mudança de perspectiva do adulto vis-a-vis a criança, mas no sentido de que o que era certa vez de bom tamanho e boa provedora, agora vai se tornando pequena e ecologicamente insustentável. Ao redor da bela e ainda produtiva Pau D’Alho, proliferam grandes plantações de cana e condomínios.
Ao começar a escrever sobre o evento, surgiram imagens das experiências nesta fazenda que têm a ver com vaca, leite e seus derivados, com modos de ver e proceder que podem contriubuir para a sustentabilidade do pequeno produtor do queijo artesanal de Minas, valorizando o que o “pequeno” oferece, e levando a relembrar o uso do bom senso, gosto e faro na elaboração e seguimento de regras de consumo.
Por Robin Geld
Mais reportagens sobre o evento:
Migas do queijo del Ratton (vídeos)
Filme: O Mineiro e o Queijo