Por Débora Pereira
A última reunião do plano de salvaguarda do modo artesanal de fazer queijo de Minas decidiu dois eixos de ação para 2014:
- divulgação do produto a partir de campanhas nacionais, que especifique as diferenças regionais de produção e
- ampliação do uso do instrumento da Indicação Geográfica, com ênfase no turismo cultural rural
Havia um quórum de 15 representantes de instituições interessadas na valorização do queijo de leite cru em Minas Gerais – IPHAN, IEPHA, IMA, SEBRAE, SerTãoBras, APROCAN, COOALPA, UFV e ANVISA e ficou decidido que o eixo de divulgação vai incluir a divulgação não só do produto ‘queijo’, mas também da tradição que envolve seu saber fazer, vinculando mais incisivamente a imagem do produto à sua história e contexto sociocultural. Será criado um website para disponibilizar o inventário do modo artesanal e destacar as suas diferenças regionais.
O eixo de valorização do modo de fazer e do produto, que enfatiza a indicação geográfica, será coordenado por Paulo Henrique Matos, da APROCAN. Tem como objetivos específicos a parceria com agências de turismo para a criação das Rotas do Queijo, preparação das propriedades para receber turistas, criar um calendário para as festas do queijo e sobretudo ampliar os registros de reconhecimento de origem.
Para sintetizar esses dois eixos como principais, foram necessárias nove reuniões, que se iniciaram em agosto de 2012, onde foi escrito coletivamente um grande quadro de demandas (Veja o arquivo completo em PDF). O próximo passo será criar um comitê gestor do plano de salvaguarda, que terá autoridade para enviar demandas para outros órgão públicos.
“Nós sabemos que todas as questões são importantes, como a saúde do gado, mas no caso do IPHAN, nossas ações devem ser focalizadas no patrimônio cultural”, explicou Corina Moreira, coordenadora da reunião.
Antes de chegar a esse resultado, os participantes da reunião contaram as últimas novidades de cada setor relacionado ao queijo artesanal de Minas Gerais. Confira na íntegra o Levantamento de demandas relacionadas ao Iphan.
180 queijarias serão financiadas pela Codevasf
Com certeza a melhor notícia do dia, Paulo Matos informou que a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Parnaíba e São Francisco – CODEVASF, vai financiar 180 queijarias modulares de baixo custo (cerca de 17 mil reais cada uma) para a região da Canastra. Serão selecionados trinta produtores por município (Bambuí, Medeiros, Pium-i, São Roque de Minas, Tapiraí e Vargem Bonita), com exceção da cidade de Delfinópolis, que não faz parte do Vale do rio São Francisco, portanto não é área de atuação da Codevasf. O critério para seleção será a renda familiar:
“Serão escolhidos produtores de baixíssima renda, que já fazem parte do programa Brasil Sem Miséria”, esclareceu Leôncio Diamante, técnico da Codevasf.
Iphan estuda possibilidade de utilização do Selo Iphan
Uma demanda apresentada pelos produtores é que o IPHAN libere o uso da logomarca para a criação de um selo para ser usado pelos centros de maturacão e cooperativas. Para Corina Moreira, existe um entendimento interno no IPHAN que o reconhecimento do modo de fazer queijo como saber imaterial não é um selo, no sentido de uma certificação com uso comercial. Mas foi feita uma consulta ao IPHAN de Brasília para saber como seria possível uma utilização e definir critérios de aplicação.
Queijo Minas Artesanal viaja para a Itália
João Melo, produtor da Serra do Salitre, estará presente no evento Cheese, em Bra, na Itália, para participar de uma conferência e degustação do queijo minas artesanal. O evento acontece de 20 a 23 de setembro de 2013 e é organizado pela Slow Food.
João Melo se diz muito satisfeito com a inauguração em breve do centro de maturação de Rio Paranaíba e está animado com o curso de gestão em administração que será realizado para capacitar os produtores a gerirem o centro. Sua queijaria produz cerca de 80 queijos por semana, uma média de 600 quilos por mês.
Nenhum queijo ainda saiu de Minas Gerais de forma legal
Embora todas as comemorações em torno da última portaria assinada pelo governador Anastasia, que objetiva a comercialização do queijo artesanal para fora do estado, Ilka Fioravante, gerente da Rede Laboratorial do IMA, confirmou que nenhum produtor ainda cumpriu todas as exigências para a comercialização inter-estadual.
Ela adiantou que o primeiro a conseguir se adequar provavelmente será o produtor Alexandre Honorato, de Araxá, que está realizando os ajustes finais solicitados pelo IMA.