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Por um mundo do queijo mais feminino

Editorial da Revista Profissão Queijeira nº4 Outubro de 2020.

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Em muitas reuniões institucionais do queijo artesanal brasileiro e francês que participo sempre percebo que a grande maioria são homens. Lembro em muitas delas ter perguntado: “– onde estão as mulheres queijeiras, as produtoras?” E os homens respondiam com um sorrisinho: “-alguém tem que ficar em casa fazendo queijo enquanto a gente discute as políticas do queijo”. 

Vacas, cabras, ovelhas, búfalas… São as fêmeas que estão todos os dias alimentando a cadeia do queijo, fazendo girar generosamente essa matéria prima maravilhosa que é o leite. Na agricultura familiar são em grande maioria as mulheres que transformam, colocam a mão na massa, enquanto o homem se ocupa da pecuária. 

Sendo uma pesquisadora do campo da semiótica,que adora significados de palavras, me surpreendi ao perceber que a nossa revista até o nº 3 se chamava
Profissão Queijeiro”. Profissão é uma palavra feminina, mas o machismo está tão arraigado em nós inconscientemente, que ao traduzir o título da revista francesa não percebi que a palavra queijeira, acompanhando profissão, deveria ser feminina também. Na França, a revista se chama Profession Fromager, fromager no caso, vem no masculino mesmo, embora a palavra profession seja feminina. Mas, para o Brasil nesta edição, decidimos mudar o nome da revista brasileira para Profissão Queijeira, revista “fêmea” para chamar atenção para essa desigualdade. 

Essa edição trata de assuntos fundamentais como a nescessidade de se pensar no bem estar do animais (ler dossiê de cabras), mas sem esquecer o bem estar humano. Se o criador não estiver feliz, as criaturas não vão estar satisfeitas. Nesse sentido, o artigo “biodiversidade como arma sanitária” prova que, em determinado grupo de produtores franceses estudados, os que não viviam em condições psicológicas favoráveis (por excesso de trabalho, problemas financeiros etc) eram os que apresentavam mais frequentemente resultados positivos para os micro-organismos  patogênicos. 

Nesse momento difícil de coronavírus temos que adaptar nossos sonhos à realidade. Nossa revista não tem acompanhado o calendário de publicações inicialmente proposto, a cada dois meses. Mas ela mantém a qualidade e originalidade das matérias, transmitindo informações inéditas para a cadeia do queijo brasileira, do pequeno ao grande. É o motivo da nossa existência.

Agradecemos a os parceiros e colaboradores que acreditam conosco neste projeto.

Débora Pereira Diretora geral da Associação Sertãobras

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