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Equipe de TV australiana conhece queijos de leite cru brasileiros

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Por Débora Pereira e Leonardo Dupin
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Foi essa maravilha abaixo a primeira visão que o britânico-australiano Will Studd teve da Serra da Canastra. Ele veio conhecer o berço da produção artesanal de queijo no Brasil e gravar um episódio do Cheese Slices (Fatias de Queijo), programa de TV australiano que explora o crescente interesse mundial pelos queijos de leite cru, que vai ao ar em 2014. Sobrevoando a serra em um avião pequeno, Will ficou encantado com a beleza natural da cachoeira do Cerradão.

Na cabeceira da cachoeira do Cerradão, em ponto privilegiado, é produzido o queijo do Otinho e Eliane Freitas, na fazenda da Matinha

Na cabeceira da cachoeira do Cerradão, em ponto privilegiado, é produzido queijo por Otinho e Eliane Freitas, na fazenda da Matinha

Desde 2004 mostrando a rota mundial dos queijos artesanais, a série Cheese Slices já visitou 27 países, foi traduzida para 11 línguas e assistida por 300 milhões de espectadores, em mais de 30 países. Todos esses números fazem de Will Studd um dos especialistas mais reconhecidos quando o assunto é queijo artesanal. No Brasil, Studd visitou Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, de 19 a 27 de abril.

Will é britânico mas mora desde os anos 80 na Austrália, quando se casou com Bonnie, sua companheira de viagens

Will é britânico mas mora desde os anos 80 na Austrália, quando se casou com Bonnie, australiana, sua mulher e colaboradora nas viagens

No Mercado Central de Belo Horizonte, o especialista elogiou o sabor dos queijos que provou:  “- Muito bons. O gosto é intenso e o queijo meia cura pode ser um queijo muito viciante”. Sobre o queijo Canastra mais curado, ele disse estar em outro patamar: “- Parece outro queijo” afirmou.

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“- Uma vez que você prova é difícil parar de consumi-lo”, disse Will Studd sobre o queijo meia cura, no Mercado Central de Belo Horizonte

No Museu de Artes de Ofícios, a equipe conheceu a história do queijo artesanal, produto de uma receita trazida pelos portugueses no ciclo do ouro e transportado pelos tropeiros.

As canastras são as bolsas de couro quadradas para transportar queijos, expostas no museu.

O queijo era transportado em canastras, bolsas de couro quadradas, expostas no museu de Artes e Ofícios.

Na Canastra, Studd visitou produtores de São Roque de Minas e apreciou os saborosos queijos locais. Chamou sua atenção o Canastra Real, variação do canastra que pesa em torno de seis quilos. Somente dois produtores fabricam esse queijo atualmente, João Leite em São Roque de Minas e Luciano Machado em Medeiros, com receitas diferentes.

Queijo Canastra Real, produzido por João Leite

O Canastra Real produzido por João Leite matura em torno de um mês antes de ser comercializado e tem buracos grandes como o queijo emmental suíço.

Contra o fato de o estado brasileiro persistir em manter o queijo de leite cru à margem da lei, através de regras que não podem ser cumpridas pelos produtores rurais, Will argumenta que o queijo canastra representa  a continuidade da agricultura familiar e mantém a identidade da região. Ele questiona as barreiras sanitárias colocadas: “Eu acho que os consumidores têm o direito de escolher e saborear o queijos feitos com leite cru. Por que os burocratas não podem pensar  em uma solução que contemple produtores e consumidores que gostam muito de leite cru?” perguntou.

Will aprende a fazer pão de queijo com a Romilda

Will põe as mãos na massa do pão de queijo feito pela Romilda, produtora de queijo que estrelou no filme “O Mineiro e o Queijo” de Helvécio Ratton

Queijo colonial e serrano

Na serra gaúcha os australianos foram a Vacaria, onde conheceram a produção do queijo colonial. Depois seguiram em direção norte para São José dos Ausentes, próximo à fronteira com Santa Catarina, para provar o queijo serrano no ponto mais alto do Rio Grande do Sul, o Monte Negro.

Na fazenda de Antônio e Maria Lopes, a equipe apreciou o camargo, café com leite espumado tirado ao pé da vaca.

Na fazenda de Antônio e Maria Lopes, a equipe apreciou o camargo, café com leite tirado ao pé da vaca.

Ali acompanharam a produção do queijo e de uma receita tradicional da região, o biscoito salgado conhecido como lápis de queijo, e viram o transporte do produto nas chamadas bruacas, bolsas de courco colocadas no lombo das mulas, que segundo Lopes podem levar até 45  quilos cada. E ainda foi oferecido a eles um churrasco, tradição local.

Will Studd, montado em um burrico, acompanha a mula com as bruacas.

Will Studd segue o caminho montado em um burrico, acompanhado por Eliseu Lopes e a mula que carrega os queijos nas “bruacas”.

Sobre o sul Will Studd afirmou: “É um lugar surpreendente com um modo bem característico de fazer queijo. Além disso, o queijo serrano tem um sabor autêntico”.

Antonio e Maria Lopes posam com o Will Studd para apresentar seu orgulho, o queijo serrano.

Antonio e Maria Lopes posam com o Will Studd para apresentar seu orgulho, o queijo serrano.

Queijo coalho no restaurante mocotó

Em São Paulo, a equipe do Cheese Slices visitou o restaurante Mocotó, na zona norte da cidade, onde acompanhou duas receitas feitas com o queijo coalho: cubinhos de tapioca com queijo coalho e no palito assado na chapa, tal qual são vendidos nas praias brasileiras. “Esse queijo tem uma massa consistente e foi o único que encontrei no Brasil que pode ser feito tanto com leite cru ou pasteurizado. É curioso que ele seja vendido nas praias” afirmou Will.

Will Studd e o chef Rodrigo Oliveira, do restaurante Mocotó

Will Studd aprovou o tempero do chef Rodrigo Oliveira, do restaurante de comida nordestina Mocotó, na zona norte de São Paulo.

Saindo do Mocotó, Will quis conhecer onde Rodrigo Oliveira busca o queijo coalho e outros ingredientes nordestinos. A equipe se aventurou pela rua Paulo Afonso, no Brás, em São Paulo, onde comprou de fumo de rolo a artesanato de couro para levar para a Austrália.

Na rua Paulo Afonso, de produtos nordestinos, Studd comprou o queijo coalho e artesanato para levar para a Austrália

Queijo coalho na rua dos produtos nordestinos, no Brás

 Visitaram também a primeira loja especializada em queijos artesanais  brasileiros de São Paulo, A Queijaria, que tem uma seleção de dezenas de tipos de queijos vindos de Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e interior paulista.

Dirigida por Fernando Soares, a vitrine da Queijaria reflete os grafites de São Paulo.

Os grafites tão típicos em São Paulo são refletidos na vitrine da Queijaria, dirigida por Fernando Soares

“Eu espero que da próxima vez que eu volte ao Brasil as autoridades e os produtores tenham encontrado uma solução para produzir queijo de leite cru legalizado”, disse Will no fim da viagem.

 

Equipe do Cheese Slices: Will e Bonnie Studd, Roger Price, Joaquin Rodriguez, Michael Robinson e Jonathan Tan Whye Hoong.

Equipe do Cheese Slices: Bonnie Studd, Jonathan Hoong, Will Studd, Roger Price, Michael Robinson e Joaquin Rodriguez, no Monte Negro, Rio Grande do Sul

Colaboraram pela SerTãoBras: Aluísio Marques, Ana Massochi, Débora Pereira, Fabrício Porcaz, Gabriel Andrade, George Boyd, Graça Cremon, José Maria Rabelo, Leonardo Dupin, Leôncio Diamante, Li An, Patrícia Rabelo e Rajat Nayyar.

Fotos de Li An e Débora Pereira

 

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2 Comentários

08/05/2013 a 18:04

Parabéns,

Sou desta terra maravilhosa. Meus avós são de São Roque, antiga Guia Lopes.

Sou daquelas mineiras que não vive sem um queijo Canastra, sem comer pão de queijo.

Cobertura completa sobre o nosso tradicional tesouro, o Queijo Canastra!

Obrigada,
Beth Andrade

eugenio amado
18/05/2013 a 15:44

Aí, Fabrício! Tá com a faca e o queijo na mão! Dá-lhe! PT saudações

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