Editorial da Revista Profissão Queijeira nº11 Março de 2022.
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Há vinte anos nasceu a revista Profession Fromager na França. Foi em fevereiro de 2002, poucos dias antes da abertura de um Salão do Queijo de Paris. No mesmo salão, em fevereiro de 2022, foi publicado a edição nº 100. Ao qual se devem acrescentar, para uma contagem mais precisa, as vinte edições especiais do Guia dos Queijos de Leite Cru que referencia mais de 3.500 produtores de queijo de leite cru na França.
No plano internacional, já temos 11 números brasileiros de Profissão Queijeira e 20 em inglês, voltado para o público dos países anglofones, que é só online.
Ao longo dos anos, a revista estabeleceu-se no panorama queijeiro mantendo-se fiel ao seu conceito inicial: ser uma revista do setor, capaz de interessar a todos os profissionais cuja atividade se centra nos queijos especiais e tradicionais: queijistas (os comerciantes), fabricantes, instituições, professores, distribuidores atacadistas, pesquisadores etc.
A ideia era construir um suporte onde todos os atores pudessem ver confrontados suas práticas e seus problemas. Nossa revista fala sobre estratégia, técnica, oferta, tendências, legislação, gestão de risco…, todas as facetas do negócio do queijo.
Antes, de 1994 a 2001, fazíamos L’Amateur de Fromage, uma modesta revista em preto e branco e papel sépia, cujo objetivo inicial era dirigir-se aos consumidores. Mas foram os profissionais que se apropriaram dela.
Foi com a ajuda da Fédération des Fromagers de France, a grande instituição que reúne os queijistas (é o sindicato dos comerciantes de queijo que se chamava, na época, Federação Nacional dos Varejistas de Laticínios) e da Guilde des Fromagers (que ainda não era «internacional»), que o projeto foi construído e mostrou toda a sua coesão. Obrigado aos nossos dois parceiros por sempre acreditarem.
Ao longo dos anos, o número de páginas aumentou e a oferta se diversificou: publicamos também guias (traduzidos em várias línguas) e realizamos Jornadas Técnicas.
A revista continuará a evoluir e a ecoar as mudanças no setor. Hoje as fronteiras tendem a se confundir entre suas várias profissões. A cadeia do queijo talvez nunca tenha sido tão heterogênea em suas aspirações. Os produtores querem vender direto aos consumidores, com a ascensão do localismo, dos circuitos coletivos de venda direta etc.) e os comerciantes e distribuidores querem fabricar, como é o caso por exemplo do nascimento das queijarias urbanas …
Estas tendências fortes e estruturantes inserem-se num contexto específico, o da pandemia de Covid e de uma possível guerra mundial. Tudo está indo muito bem, até muitíssimo bem no setor queijeiro, mas hoje ninguém sabe se a atual euforia comercial do tal queijo autoral e artesanal não é um efeito de moda que acabará por desaparecer.
O movimento do queijo está em plena renovação com a chegada de novas gerações que querem enfrentar a questão do desenvolvimento sustentável e buscam novos modelos. É preciso acreditar.
É também neste contexto que nasceu a Fundação para a Biodiversidade Queijeira, uma iniciativa de Profissão Fromager que esperamos que poderá muito beneficiar a construção de políticas sanitárias no Brasil e no mundo. Um projeto que questiona novos paradigmas capazes de garantir a sustentabilidade da frágil herança dos queijos de leite cru.
A revista é produzida por um punhado de entusiastas que não medem esforços para evoluir dentro desta família tão diversa e cativante.
Obrigado aos nossos leitores, parceiros, anunciantes, fornecedores, a todos aqueles que, no campo ou na queijaria, nos abrem as suas portas e nos trazem diariamente os seus testemunhos e a sua confiança.
Por Arnaud Sperat Czar