por Robin Geld
Nas andanças de manhã até o momento da reunião, muito foi se vendo e entendendo deste semiárido que cativa com a variedade da vegetação e solos, fazendo lembrar, dizia Vera, savanas da África, o seco emaranhado da caatinga, a superfície da lua… Vera e Gabriel iam fazendo pisar, tocar, sentir o que somente quem aprecia os tesouros que ali se encontram, poderiam.
O calor ia aumentando com o subir do sol, a caminhonete levantava poeira pelas estradas arenosas e já perguntávamos, quando virão, será, as nuvens? E quando algumas despontaram nos céus, há chance de chuva? “Agora em setembro? Antes do final de outubro, muito muito difícil”. Passamos vários riachos secos. Água? Nem sombra. Sombra? Já se entendia um pouco do que Josué de Castro (Geografia da Fome) comenta do exagero compreensível de escritores e cientistas ao descrever as dádivas dos umbuzeiros que iamos vendo em ao longo do caminho, que não só oferecem sombra como, em suas raízes, água aos que enfrentam a seca. E florescem num prateado belíssimo para depois dar frutos dos quais, disseram vários da Colonial, se faz suco delicioso!
Víamos, de um lado, a Serra bela pela intocabilidade, de outro, os assentamentos que iríamos conhecer de perto, e meio a tudo, pastagens melhoradas, tratadas, pequenas áreas de pesquisa de leguminosas e capins e os esplendorosos Nelore.
O sol, o calor, irritavam. Água, só de poço artesiano. Água salobra. “Acostuma, mas muito ruim”, diziam alguns locais. Gabriel contou que ouvira de um médico de renome que tais águas, como em Paris, eram boas para a saúde, especialmente dos idosos. Josué de Castro diz que águas de alto grau de dureza, águas calcárias, “ajudam no abastecimento em cálcio” do corpo. Sobre estas águas ainda ouviríamos muito.