Poucos meses após a publicação da legislação estadual Nº 20.549 de 18/12/2012, que dispõe sobre a produção e a comercialização dos queijos artesanais de Minas Gerais, uma carga de aproximadamente 6.100 quilos de queijo foi apreendida e inutilizada no aterro sanitário da cidade de São João Evangelista, na região do Serro. A ação foi realizada no dia 19 de maio pela polícia em conjunto com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e representa um grande impacto econômico e social para produtores, comerciantes e consumidores, especialmente aqueles envolvidos com a cadeia produtiva do queijo – produto típico da região.
No final do ano passado, a legislação estadual teve boa recepção pelos representantes envolvidos e, embora ainda possua vários termos a serem discutidos, trouxe tímidos porém importantes avanços no que diz respeito à comercialização do queijo. Após a última audiência, criou-se uma expectativa positiva com relação às discussões encaminhadas pelo IMA, por exemplo com relação aos prazos de maturação dos queijos de leite cru. No entanto, como nota-se, pouco se alterou na rotina de autuação do produto no estado.
Segundo o diretor técnico do IMA Thales Almeida a operação foi realizada pela polícia e receita estadual, devido à falta da nota fiscal, o que caracterizou indefinição de origem e inspeção do produto. Ele acrescenta ainda que os produtos estariam sem rótulos e mal acondicionados. Diante dessas condições, em conjunto com a vigilância do município de Guanhães, a carga foi destruída.
A dimensão do ocorrido revela a gravidade da situação e a urgência em se regulamentar a atividade queijeira no estado e em todo o país. Enquanto o rigor da lei mantém grande parte dos produtores na ilegalidade, a indefinição das normas ainda facilita que ações como essa ocorram, inutilizando grandes quantidades do produto e prejudicando a circulação do queijo de leite cru.
Conforme o auto de apreensão do IMA foram inutilizados 6540 Kg. de produtos diversos, sendo 4.200 kg de mussarela, 1.910 kg. de queijo Minas, 148 kg. de requeijão, 194 kg. de torresmo, 40 Kg. de linguiça e 28 Kg. de manteiga. Após o descarte, parte dos produtos foi recolhida do aterro sanitário pela população para consumo.
Leia a matéria sobre o caso publicada no jornal local Folha de Guanhães:
Operação “Carga Pesada”: cerca de sete toneladas de alimentos são apreendidos em São João Evangelista, por Nara Generoso (22/5/2013)
Durante a operação ”Carga Pesada”, realizada no domingo (19), na MGC 120 km 259, Policiais Militares Rodoviários de São João Evangelista abordaram o veículo caminhão VW 13.170, transportando produtos alimentícios sem a devida nota fiscal e sem a licença do Instituto Mineiro de Agropecuária / IMA.
No total foram apreendidos aproximadamente sete toneladas de produtos diversos, tais como mussarela, queijo, requeijão, torresmo, linguiça e manteiga. Os gêneros alimentícios foram adquiridos na cidade de Coluna e seriam comercializados em Belo Horizonte.
Os militares acionaram um fiscal do IMA que realizou uma inspeção técnica e constatou que os produtos não tinham certificação do referido órgão, sendo considerados impróprios para o consumo.
O veículo foi removido por um guincho credenciado juntamente com a mercadoria que ficará à disposição do IMA para ser inutilizada no aterro sanitário de São João Evangelista.
5 Comments
Sem rótulos? Mas como? As fotos estão todas mostrando os rótulos, daqui eu estou vendo.
Que pouca vergonha, que desumanidade, e tanta gente passando fome!!!!!!
Eu como queijo do Serro todo dia e nunca morri.
Hipócritas, desavergonhados, vão procurar o que fazer.
Olá Josete, a situação é realmente difícil. Infelizmente é muito comum esse tipo de apreensão por falta da nota em Minas Gerais. O problema é que para que o produto tenha essa nota, a receita exige um atestado sanitário do IMA. E como a maioria das cidades onde estão os pequenos produtores não possui SIM os queijos de leite cru ficam impossibilitados de receber essa nota.
O caminhão que transportava os queijos, neste caso, era fechado, possuía sistema de refrigeração e continha o nome da Fazenda de origem nos rótulos, o que poderia conduzir os fiscais até o local de origem e fazer a inspeção das condições dos produtos antes de descarta-los.
Atenciosamente,
equipe SerTãoBras
MAIS UM ABSURDO BEM MINEIRO!!! DEMAGOGOS… FDPs!!! Tanta gente passando fome e esses fdps, em nome de um sanitarismo HIPÓCRITA e outras delongas fazem ISSO!!! SEIS TONELADAS DE MUITO SERVIÇO, MUITA MÃO DE OBRA, MUITA MATÉRIA PRIMA, tudo pro aterro sanitário… Alegando o quê? Que estão fora do padrão? Que não tem rótulos (que eu estou vendo daqui…), que estão estragados? Que nada… Só pra mostrar ‘serviço’… aliás, tão mostrando mesmo é DESSERVIÇOS!!!!! Estes queijos são feitos e consumidos na região a mais de duzentos anos…
Acho importante que exista um controle sanitário em relação aos queijos e demais produtos produzidos em Minas, para continuar atestando a excelente qualidade destes produtos. Entrei no site do IMA e tive o cuidado de ler a enorme relação de documentos e exames analíticos exigidos para TODOS os produtores que necessitam da certificação deste órgão. É uma infinidade de exames exigidos e penso que seja caro para a maior parte dos pequenos produtores. Acho que o SerTãoBras, deveria intervir junto ao IMA e adequar estas exigências aos pequenos e médios produtores de queijo de MG. A carga burocrática está impactando diretamente a vida de muitas famílias que, a muito custo, tentam manter viva uma das tradições mais bonitas de Minas Gerais. É lamentável…
Que absurdo!!!!! E tanta gente passando fome.
Brasil você é uma vergonha!