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Pré-estreia em São Paulo do filme “O Mineiro e o Queijo” mantém trajetória de sucesso

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Por Sertãobras

Na mesa de degustação, ao fim do evento, foram ofertados 30kg de queijos da Canastra, Serro e Alto Paranaíba (Fotos Sertãobras)

Incluído no projeto de exibições Folha Documenta, do jornal Folha de São Paulo, o longa-metragem de Helvécio Ratton “ O Mineiro e o Queijo” foi apresentado pela primeira vez no estado em 27 de setembro. Perto de 260 pessoas praticamente lotaram a capacidade das duas salas de exibição, com 200 delas permanecendo para o debate que se seguiu. Este número é acima da média, segundo a coordenação de eventos do Espaço Unibanco, local das projeções na capital paulista.

Por várias vezes ocorreram manifestações espontâneas do público durante a exibição. Hora em função da prazerosa sensação despertada pelos queijos artesanais estampados na tela, hora pelo inconformismo gerado pela atual regulamentação sanitária, que como está é responsabilizada por prejudicar esses tradicionais produtos e aqueles que se dedicam à sua elaboração. Para saciar o desejo criado pelo documentário, 30kg de queijos das regiões mineiras da Canastra, Serro e Alto Paranaíba foram ofertados para degustação ao final do evento acompanhados de boa cachaça.

Paulo Werneck, mediador do debate e editor do suplemento cultural Ilustríssima do jornal paulistano, considera que Ratton fez um trabalho “notável” ao revelar toda uma história e maneira de ser de pessoas e comunidades rurais que se organizam em torno desse alimento.

Werneck comenta que o filme mostra a contradição que envolve o produto, que ao mesmo tempo é reconhecido como patrimônio imaterial brasileiro, mas que vem sendo ameaçado pela legislação sanitária. Esta, como acrescenta, ao invés de apoiar o artesão, acaba por intimidá-lo por ser restritiva demais, embora pondere que normas devam existir para sua ampla circulação até o exterior, “mas não com a postura atual”, diz.

Boa recepção e debates

Paulo Werneck, da Folha de São Paulo e mediador do debate; Carlos Alberto Dória, da Sertãobras; cineasta Helvécio Ratton e Clério Alves da Silva, do Ministério da Agricultura (Mapa-MG)

Após Pirenópolis-GO, Belo Horizonte-MG e São Paulo, o cineasta Helvécio Ratton faz um balanço positivo das exibições iniciais do seu documentário. Ele lembra que na primeira cidade, durante o 2º Slow Filme – Festival Internacional de Cinema e Alimentação, estavam pessoas de diferentes estados e que o interesse foi tão grande que exigiu a abertura de uma segunda sala de exibição, mantendo-se igualmente boa permanência para o debate.

Na capital mineira, conta que as três salas de exibição disponíveis para cerca de 400 pessoas não foram suficientes para acomodar todos. “As pessoas não interagiam com o filme durante a exibição, mas entravam na tela, foi impressionante, respiravam com o filme”, comenta.

Em São Paulo, onde a identificação não seria assim imediata por não ser o local de origem do produto, avalia que o interesse demonstrado também foi muito bom, tanto na projeção como no debate. Ratton considera que à medida que as discussões sobre os problemas do segmento se ampliem com as exibições do filme é criada uma oportunidade para se alterar a legislação.

A necessidade destas mudanças foi um dos aspectos recorrentes no debate realizado em São Paulo, como também o nível de interferência do Estado e de interesses econômicos na produção e temas relacionados à saúde pública. Integraram a mesa Carlos Alberto Dória, da Sertãobras; Clério Alves da Silva, do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa-MG), além do mediador e do cineasta.

Daqueles produtores mineiros que foram personagens do documentário, compareceram à pré-estreia e estavam no debate Geraldo Martins e Luciano Carvalho Machado, ambos de Medeiros. Este último, que preside a Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan),  manifestou-se afirmando que questiona os males que são imputados ao queijo artesanal e que, pensando no futuro, existe a responsabilidade atual de se garantir para as próximas gerações a opção de escolha por alimentos que não sejam todos padronizados, industrializados e com o mesmo gosto como os entalados.

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